Estudo de base populacional para avaliar a adesão às medidas de saúde pública e seu impacto na pandemia de COVID-19
Em 31 de dezembro de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recebeu a notificação de um surto desconhecido de pneumonia viral na província de Hubei, na China. Mais tarde, verificou-se que este surto foi causado pela Síndrome Respiratória Aguda Grave Coronavírus 2 [1,2], a qual foi reconhecida pela Organização Mundial de Saúde, em março de 2020, como um pandemia.
A doença, agora chamada de Doença do Coronavírus 2019 (COVID-19), foi disseminada para 200 nações, causando mais de 465.000 infecções e, pelo menos, 21.000 mortes até 26 de março de 2020 [3]. A COVID-19 causa principalmente sintomas benignos em adultos na maioria das vezes, embora alguns casos possam agravar e exigir hospitalização com suporte respiratório [4].
A transmissão do novo coronavírus (SARS-CoV-2) entre humanos ocorre por meio de gotículas respiratórias, objetos contaminados e contato físico direto com pessoas infectadas [5]. Uma vez infectadas, pessoas assintomáticas e sintomáticas podem transmitir a doença [6]. Na ausência de tratamentos eficazes ou vacinas, a OMS recomendou aos países que implementassem intervenções para conter a rápida disseminação da COVID-19, minimizando o contato entre pessoas infectadas e não infectadas.
As medidas sugeridas incluem permanecer em casa, distanciamento social fechamento de escolas e locais públicos e métodos rigorosos de higiene das mãos [7]. Nas últimas semanas, o governo brasileiro implementou medidas cada vez mais rigorosas de distanciamento social, para tentar impedir a rápida disseminação da COVID-19. Pela primeira vez a população tem enfrentado restrições de viagem, proibição de aglomerações em espaços fechados, fechamento de escolas e universidades e proibição de reuniões sociais de qualquer modalidade.
Tendo em vista que tais medidas restritivas nunca foram implementadas numa escala social tão abrangente, não está claro até que ponto as pessoas irão aderir a essa nova realidade. Ademais, não se sabe quais fatores determinam a adesão social à essas medidas, e tão pouco qual a durabilidade da adesão, e a eficácia da intervenção combinada na redução da transmissão da COVID-19 [8].
Diante do panorama apresentado, nossa hipótese é de que o nível de adesão social às medidas prescritas, conforme recomendado pelo governo brasileiro, seja inicialmente elevado, e que a adesão não seja durável. O nível de adesão pode estar associado à incidência da forma severa da doença da COVID-19. Os objetivos do estudo são:
- Descrever os níveis de adesão às medidas atuais recomendadas pelo governo brasileiro no momento de implementação e durante os primeiros seis meses após a implementação.
- Descrever os determinantes da adesão às medidas recomendadas pelo governo brasileiro (co-variáveis da linha de base e co-variáveis com variação temporal).
- Avaliar a eficácia geral da adesão às medidas recomendadas pelo governo brasileiro, na incidência da forma grave da doença da COVID-19.
- Identificar a(s) medida(s) mais eficaz(es) para reduzir a incidência da forma grave da doença da COVID-19.
Compreender a viabilidade da adesão e a durabilidade das medidas de saúde pública para viabilizar que autoridades de saúde escolham estratégias eficazes, visando reduzir a transmissão da doença, a “sobrecarga” do sistema de saúde devido à pandemia , e por fim “achatar a curva”, até que seja possível o desenvolvimento de vacina ou outra forma de tratamento para o COVID-19.
Espera-se poder conhecer o panorama epidemiológico da doença, pois se as atuais medidas de contenção para o surto não forem bem sucedidas, a imunidade coletiva não será alcançada. Portanto, as estratégias atuais poderão fornecer suporte para um gerenciamento mais informado do surto consecutivo de COVID-19 e as lições aprendidas sustentarão medidas de saúde pública para possíveis episódios recorrentes e melhor preparo para futuras pandemias. Com a realização do estudo em diferentes países será possível identificar as estratégias mais efetivas. Para os objetivos 3 e 4, os dados obtidos com o questionário serão combinados com os dados locais de incidência da COVID-19.
O que será mensurado?
A medida de exposição primária será a adesão às intervenções recomendadas pelo governo brasileiro, as quais incluem permanecer em casa, distanciamento social, permanência em casa, medidas de higiene, distanciamento dos profissionais de saúde, exceto pela urgência relacionada à gravidade da doença, quarentena quanto aos sintomas apresentados, evitar a realização de viagens não essenciais.
As medidas de base das co-variáveis incluirão: residência rural/urbana, casa/apartamento/casa de repouso, idade, nível de educação, tamanho e composição da família, gênero, condição de saúde (comorbidades), gravidez, idioma principal, ocupação, frequência escolar, frequência de utilização de creches, tabagismo, renda, histórico de viagens, crença na ciência, crença em responsabilidade social, crença no governo e percepção de risco.
Com que frequência as coletas de dados ocorrerão?
Os participantes deverão preencher a pesquisa em intervalos regulares. Algumas questões serão repetidas, outras modificadas e novas questões poderão ser adicionadas, a depender dos resultados preliminares.
Como o questionário será distribuído?
O questionário será distribuído usando um website seguro: https://www.icpcovid.com/ e as respostas poderão ser submetidas utilizando aparelhos celulares.
O que estimula as pessoas a participarem?
As pessoas contribuem para a ciência (um melhor entendimento do vírus e do gerenciamento de uma pandemia) e, além disso, terão a sensação de que realmente podem contribuir positivamente para a sociedade, a qual se encontra em um momento estressante.
Como a informação será utilizada?
Indicadores de baixa adesão geral ou em grupos populacionais específicos serão comunicados às autoridades sanitárias nos dias após a distribuição do questionário, para que intervenções direcionadas possam ser desenvolvidas e implementadas.
Quem está organizando o estudo?
Um consórcio internacional de cientistas da Ásia, África, América do Sul, Estados Unidos e Europa. O protocolo e o questionário desta pesquisa baseiam-se amplamente em um inquérito populacional científico sobre coronavírus, lançado pela primeira vez na Bélgica pela Universidade de Antuérpia (equipe: Philippe Beutels, Niel Hens, Koen Pepermans e Pierre Van Damme) no dia 17 de março de 2020 e repetida toda terça-feira durante a epidemia COVID-19 no referido país.
- Brasil: Universidade Federal de Jataí, Faculdade de Medicina, Unidade de Ciências da Saúde
- Camarões: Brain Research Africa Initiative (BRAIN)
- Equador: Universidad de Cuenca, Facultad de Ciencias Medicas
- Peru: Ministério da Saúde
- Mali: Universidade de Bamako, Faculdade de Medicina e Odontostomatologia, Centro Internacional de Excelência em Pesquisa
- Gana: Universidade de Gana, Departamento de População, Família e Saúde Reprodutiva
- Gâmbia: Unidade MRC Gâmbia na LSHTM Fajara
- República Democrática do Congo: Universidade de Kinshasa, Departamento de Medicina Tropicale
- Sudão do Sul: AMREF Health Africa
- Uganda: Universidade Makerere, Faculdade de Ciências da Saúde, Escola de Saúde Pública
- Tanzânia: Instituto Nacional de Pesquisa Médica Tanga
- Burundi: Universidade do Burundi, Faculdade de Medicina
- Zâmbia: Universidade da Zâmbia, Escola de Saúde Pública, Centro de Pesquisa de Doenças Tropicais
- Malaui: Projeto UNC Lilongwe e Universidade da Carolina do Norte (EUA), Faculdade de Medicina
- Moçambique: Institutio Nacional de Saúde
- África do Sul: University of Witwatersrand, Ezintsha
- Índia: Universidade Shiv Nadar, Faculdade de Ciências Naturais, Departamento de Matemática
- Tailândia: Universidade Mahidol, Instituto ASEAN para o Desenvolvimento da Saúde
- Taiwan: Faculdade Nacional de Medicina da Universidade de Taiwan, Taipei
- Vietnã: Universidade de Medicina e Farmácia Hue, Faculdade de Saúde Pública, Instituto de Pesquisa em Saúde Comunitária
- Bélgica: Instituto de Medicina Tropical, Antuérpia
- Bélgica: Instituto Global de Saúde, Universidade de Antuérpia
Projeto aprovado pela Comissão Nacional De Ética Em Pesquisa - CONEP, Brasil.
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Collaborators:
Prof. Dr. Robert Colebunders, Prof. Dr. Jean-Pierre Van geertruyden (GHI, Belgium); Prof. Marc-Alain Widdowson (ITM, Belgium); Dr. Bernardo Jose Vega Crespo (Ecuador); Prof. Dr. Edlaine Faria de Moura Villela (Brazil); Dr. Verónica Soto Calle (Peru); Prof. Dr. Alfred K. Njamnshi, Dr. Joseph Nelson Siewe Fodjo (Cameroon); Dr. Dolo Housseini (Mali); Prof. Dr. Kwasi Torpey (Ghana); Prof. Dr. Umberto Dalessadro (The Gambia); Dr. Hypolite Muhindo (DR Congo); Dr. Jane Carter (South Sudan); Prof. Dr. Rhoda Wanyenze (Uganda); Prof. Dr. John Lusingu (Tanzania); Dr. Zacharie Ndizeye (Burundi); Dr. Gershom Chongwe (Zambia); Prof. Dr. Mina Hosseinipour (Malawi & USA); Dr. Janet Dula, Dr. Jani Ilesh (Mozambique); Mohammed Majam (South Africa); Prof. Samit Bhattacharyya (India); Prof. Dr. Supa Pengpid (Thailand); Prof. Dr. Thang Vo Van (Vietnam); Prof. Dr. Chien-Ching Hung (Taiwan).
References
1. Zhu N, Zhang D, Wang W, Li X, Yang B, Song J, et al. A Novel Coronavirus from Patients with Pneumonia in China, 2019. N Engl J Med. 2020 Feb 20;382(8):727–33.
2. World Health Organisation. WHO Director-General’s opening remarks at the media briefing on COVID-19 - 11 March 2020 [Internet]. 2020 [cited 2020 Mar 20]. Available from: https://www.who.int/dg/speeches/detail/who-director-general-s-opening-remarks-at-the-media-briefing-on-covid-19---11-march-2020
3. World Health Organisation. Coronavirus pandemic [Internet]. 2020 [cited 2020 Mar 26]. Available from: https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019
4. Guan W, Ni Z, Hu Y, Liang W, Ou C, He J, et al. Clinical Characteristics of Coronavirus Disease 2019 in China. N Engl J Med. 2020 Feb 28;NEJMoa2002032.
5. Chan JF-W, Yuan S, Kok K-H, To KK-W, Chu H, Yang J, et al. A familial cluster of pneumonia associated with the 2019 novel coronavirus indicating person-to-person transmission: a study of a family cluster. The Lancet. 2020 Feb;395(10223):514–23.
6. Bai Y, Yao L, Wei T, Tian F, Jin D-Y, Chen L, et al. Presumed Asymptomatic Carrier Transmission of COVID-19. JAMA [Internet]. 2020 Feb 21 [cited 2020 Mar 18]; Available from: https://jamanetwork.com/journals/jama/fullarticle/2762028
7. European Centre for Disease Prevention and Control. Algorithm for the management of contacts of probable or confirmed COVID-19 cases [Internet]. European Centre for Disease Prevention and Control. 2020 [cited 2020 Mar 18]. Available from: https://www.ecdc.europa.eu/en/publications-data/algorithm-management-contacts-probable-or-confirmed-covid-19-cases
8. Gershon RR, Zhi Q, Chin AF, Nwankwo EM, Gargano LM. Adherence to Emergency Public Health Measures for Bioevents: Review of US Studies. Disaster med public health prep. 2018 Aug;12(4):528–35.